Banco de Dados: dados, informação, conhecimento e sabedoria
As pessoas leigas na área de Computação podem até não saber, mas bancos de dados e sistemas de banco de dados são um componente essencial na sociedade moderna. A maior parte de nós encontra diariamente diversas atividades que envolvem alguma interação com um banco de dados. (Elmasri e Navathe, 2011).
Dado
Por definição, um banco de dados é uma coleção de dados relacionados. Mas, o que são dados? Segundo Elmasri e Navathe (2011, p. 3),
“Dados são fatos conhecidos que podem ser registrados e possuem significado implícito“.
— Elmasri e Navathe
Em outras palavras, consideramos que dados são fatos brutos, valores isolados, que não possuem contexto ou significado por si sós. Eles representam apenas uma descrição primária de eventos, objetos ou entidades. Como exemplo, considere o número inteiro 42, o nome “João”, o número decimal 350,00 e a data 01/01/2025. Sozinhos, esses elementos não dizem muito — são apenas números ou textos. Mas, quando organizados, ganham sentido.
Informação
A informação, por outro lado, surge quando os dados são processados, organizados ou estruturados de maneira a fazer sentido para quem os consome. Dizemos que a informação é o dado com contexto, propósito ou interpretação. Pela definição de Laudon e Laudon (2014, p. 13),
“Informação são dados que foram modelados de forma significativa e útil para os seres humanos.” (tradução nossa)
— Kenneth Laudon e Jane Laudon
Com os mesmos dados do exemplo anterior, formaremos a seguinte frase: “João realizou uma compra de R$ 350,00 no dia 01/01/2025.” Aqui, dados como o nome, o valor e a data foram reunidos para formar uma informação útil.
Conhecimento
No terceiro nível de processamos, obtemos o conhecimento. De acordo com Davenport e Prusak (2000, p. 4), o conhecimento é gerado a partir da combinação entre experiência, valores e interpretação contextualizada da informação. Ou seja, é o entendimento acumulado de um agente que o permite tomar decisões e resolver problemas com base na informação.
“Conhecimento é a informação combinada com experiência, contexto, interpretação e reflexão.” (tradução nossa)
— Davenport e Prusak
A informação obtida anteriormente sobre a compra feita pelo João somada ao contexto onde sabemos que compras acima de R$ 300,00 podem indicar um alto consumo nos dá o conhecimento sobre o possível padrão de comportamento daquele indivíduo. Essa análise origina-se de várias informações semelhantes ao longo do tempo.
Sabedoria
A sabedoria é o estágio mais elevado dessa hierarquia de conceitos relacionados. O termo refere-se à capacidade de fazer julgamentos corretos, com base em conhecimento profundo e valores éticos. Conforme Rowley (2007), o modelo DIKW (Data, Information, Knowledge, Wisdom) é um dos modelos fundamentais e amplamente reconhecidos do campo da Ciência da Informação. Ele preconiza que a
“Sabedoria é saber qual conhecimento aplicar, quando e como, para aumentar a eficácia.” (tradução nossa)
— Associado ao Modelo DIKW, descrito por Rowley
Suponha que um gestor perceba que o alto padrão de consumo do cliente João pode indicar um problema financeiro. Preocupado com o faturamento do estabelecimento e aplicando visão de longo prazo, ele decide oferecer suporte ou negociar o pagamento de forma mais flexível ao cliente João. Este exemplo demonstra a aplicação direta da sabedoria.
A Figura 1 mostra uma representação visual da relação entre os termos discutidos até o momento. A ideia da hierarquia entre eles é presente e indica como o refinamento de um nível inferior oferece subsídio para o próximo estágio de definição.

Fonte: Retirado de Tibau (2011).
A passagem de um nível para outro — de dado para informação, por exemplo — exige uma carga de processamento. Este processamento se dá de várias formas, sendo a computadorizada bastante comum atualmente. Dessa maneira, os bancos de dados são ferramentas digitais que nos permitem possuir os dados por longos períodos de tempo enquanto realizamos os devidos processamentos computadorizados. A partir deles, aumentamos o entendimento dos agentes envolvidos para fornecer informações e demais estágios. A Figura 2 é outra representação sobre os conceitos.

Considerações finais
Compreender a distinção entre dado, informação, conhecimento e sabedoria é uma competência interessante para criar valor real com os recursos informacionais que temos disponíveis atualmente. Seja no desenvolvimento de sistemas, na análise de negócios ou na gestão estratégica, aplicar corretamente cada nível dessa hierarquia é o que diferencia um profissional técnico de um profissional sábio.
Obrigado pela leitura e bons estudos!
Referências
ELMASRI, R.; NAVATHE, S. B. Sistemas de Banco de Dados. 6ª ed. São Paulo: Pearson, 2011.
LAUDON, Kenneth C.; LAUDON, Jane P. Sistemas de Informação Gerenciais. 11ª ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.
DAVENPORT, Thomas H.; PRUSAK, Lawrence. Working Knowledge: How Organizations Manage What They Know. Harvard Business Press, 2000.
ROWLEY, Jennifer. The wisdom hierarchy: representations of the DIKW hierarchy. Journal of Information Science, 33 (2) 2007, pp. 163–180.
TIBAU, Marcelo. Cadeia de Valor do Conhecimento (parte 2). 2011. Disponível em: <https://tibau.org/2011/08/20/cadeia-de-valor-do-conhecimento-parte-2/>. Acesso em: 06 mai. 2025.