Aggressive Retsuko: o duelo entre a rotina corporativa e o grito interior
Aggressive Retsuko (ou Aggretsuko) é uma animação da Sanrio que pode parecer, à primeira vista, apenas mais um desenho fofo estrelado por um panda vermelho. Porém, por trás da estética bonitinha, a série revela uma crítica profunda e bem-humorada à vida corporativa moderna e aos dilemas da vida adulta.
Retsuko, a protagonista, é o retrato fiel de muitos trabalhadores do mundo real: ela é subestimada, sobrecarregada e emocionalmente exausta. No escritório de contabilidade em que ela trabalha, conhecemos figuras estereotipadas — mas reais — como o chefe misógino e preguiçoso, os colegas bajuladores, os funcionários fofoqueiros e aqueles que mascaram seus problemas sob a aparência de vidas perfeitas nas redes sociais.
Retsuko carrega diariamente o peso de tarefas injustamente atribuídas, acumula tensões e vive num ciclo de insatisfação. Seu único alívio é um hobby no mínimo curioso: cantar death metal no karaokê. Ele serve como válvula de escape para sua raiva reprimida. Esse contraste entre a aparência delicada da personagem e sua explosão no palco é uma metáfora engraçada: por trás das máscaras sociais, todos escondem “gritos internos” que precisam ser ouvidos. A Figura 1 é uma representação bem fiel da metáfora sobre as duas facetas da Retsuko durante a série (uma no horário de trabalho e a outra durante o karaôke).

Fonte: Retirado de https://www.amazon.com.br/Aggretsuko-Guide-Office-Life/dp/1452171521
Além do retrato do esgotamento, Aggretsuko também provoca reflexões sobre escolhas de carreira e empreendedorismo. Ao longo da série, Retsuko questiona seus rumos profissionais, sonha com alternativas e percebe que nem sempre seguir uma paixão significa libertação imediata — empreender, por exemplo, vem com seus próprios desafios e cobranças.
A animação é muito mais do que uma comédia animada. É uma análise interessante sobre os diferentes tipos de colegas de trabalho e a dificuldade de encontrar apoio sincero em ambientes competitivos. Mas, ao mesmo tempo, mostra que abrir-se aos outros e criar conexões reais — e não apenas digitais — pode ser o primeiro passo para transformar a própria realidade. E — por que não? — nos ensina que, às vezes, é importante encontrar a própria forma de gritar quando o mundo parece demais.
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